quinta-feira, 12 de março de 2015

Trincado, lascado, quebrado.

O peso que eu sempre carreguei nas cosas, por maior que fosse eu sempre aguentei; é natural pra mim...pra todos. Costumava ser mais fácil, mesmo que o peso fosse maior, eu era mais forte. Eu era de pedra.  Carregar o meu próprio fardo e o dos outros cabia a mim, era para isso que eu servia, agora não sirvo mais. Me tornei porcelana. 
O peso não está mais preso a mim, eu não vou mais segura-lo; talvez eu aguentasse se eu quisesse, mas não quero . 
 Agora ele usa suas garras para se manter nas minhas costas,de nada adianta, ele continua caindo, em quanto cai ele me arranha; será que irá levar um pedaço de mim? será que esse pedaço me fará falta? Tudo bem, é o que se espera de porcelana...quebra fácil. 

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Por tráz das lentes

    Não uso um óculos fundo de garrafa, muito menos um sem lente, só por estilo, meu óculos talvez nem fizesse grande diferença se eu não soubesse que preciso usar.
   Recentemente comecei a reparar que as coisas mudam quando estou com ou sem óculos, mas não muda apenas o foco, o meu modo de interpretar as coisas a minha volta também muda.
   Em dias de sol as cores se tornam muito mais vivas e os contornos das coisas se sobressaem de uma maneira muito bonita. Meu grau de miopia é pequeno eu consigo distinguir as coisas facilmente, mesmo que o contorno das coisas não se destaque muito, mas sem óculos, dias de sol perdem a graça, as cores perdem a vivacidade desse dia privilegiado, e os contornos acabam sendo comuns, a paisagem que deveria ser impactante acaba sendo mais um exemplo da mediocridade diária.
    Já em dias de chuva, prefiro estar sem óculos, principalmente se estiver de noite, a final a noite que já é tranquilizadora, passa a ser também acolhedora. A brisa leve, fria carrega a tenção após passar por entre meus dedos finos e trêmulos, e tocar de leve em meu rosto já frio por conta da pequenas gotas de chuva , que se eu estivesse de óculos não teriam sido desfrutadas com tanta satisfação. as nuvens chegam mais perto dos prédios e ao longe a paisagem passa a se fundir, o único meio de distinção entre céu e cidade são as tímidas e franzinas luzes amareladas que se espalham ao longe . A fina e discreta neblina que envolve a sonolenta e agitada cidade passa a me cobrir, ao som de pequenas gotas pingando em telhados de zinco começo a ficar sonolenta; acabo dormindo com a briza gelada que tenta entrar pela janela , a essa altura minhas, já nem tão necessárias, lentes finas e maltratadas não importam mais.